Texto por Erik Oliveira* e Bia Aparecida**
Postado originalmente em Extra
Quem já ouviu "Tia Eulália na Xiba", composição de Nei Lopes e Cláudio Jorge, pode imaginar que essa tal Tia, figura singular de Madureira, contrastava com seus cabelos grisalhos e a voz quase rouca.
No cancioneiro popular, essa não é a única referência à Eulália do Nascimento Oliveira. Na famosa canção "Madureira", de Arlindo Cruz e Mauro Diniz, ela também é citada: "Quem não viu Tia Eulália dançar..."
Porém, Eulália nasceu muito longe do famoso bairro da Zona Norte carioca. Em São José do Além Paraíba, em 1908, veio à luz a futura Tia Eulália que, logo na infância, veio morar no Rio de janeiro, em Madureira. Seu pai, Francisco Zacarias de Oliveira, foi precursor de blocos e ranchos na Serrinha, e ela e seu irmão, conhecido como Molequinho, brincavam o Carnaval de rua da região e saíam na Escola Prazer da Serrinha, que ensaiava perto de onde moravam.
Em 1947, em sua casa, foi fundada a Escola de Samba do Império Serrano. Tia Eulália possuía a carteirinha de número 1 da agremiação que defendeu com todo o fervor, até os seus 97 anos de idade. Dos 55 anos que dedicou ao Reizinho de Madureira, ela não saiu na Avenida uma única vez, em 1953, quando seu marido, o também amante do Jongo, Seu Nascimento, faleceu.
Tia Eulália, que amava o Samba, o Carnaval e, sobretudo, dançar, morreu em 2005, deixando uma linda história de vida que se confunde à história do bairro de Madureira e à do Carnaval carioca.
O documentário "Tia Eulália: O Império do Divino", dirigido por Erik Oliveira, teve o objetivo de retratar de forma poética e realista essa expoente do samba.
"No decorrer dos quatro anos de gravações, Tia Eulália adoeceu e morreu, deixando gravados seu último desfile e a transmissão oral de muitos conhecimentos e sabedoria, a partir de seu dom para se comunicar com o outro, graciosidade no falar e senso de humor", lamenta o diretor.
Confira aqui documentário sobre Tia Eulália:
E abra a Roda! Para vermos Tia Eulália dançar!
*Erik Oliveira é frequentador da Nave do Conhecimento de Madureira.
**Bia Aparecida é jornalista do Extra.
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